A paciência pode ser considerada uma virtude do sentimento, como conquista do Espírito no seu processo de amadurecimento interior.
Etapa a etapa, vai se instalando nos recessos do ser, em razão da compreensão de que tudo obedece a um processo ordeiro e crescente, mediante o qual se alcançam os patamares mais elevados da evolução.
A princípio, expressa-se como resignação diante das ocorrências menos felizes, qual ocorre quando sucessos positivos se desenham e devem ser aguardados sem precipitação perturbadora.
A paciência sabe esperar o momento próprio, firmada na irrestrita confiança em Deus, inegavelmente Sublime Árbitro de todos os acontecimentos difíceis que se manifestam como lutas desafiadoras. Possui um caráter dinâmico, sempre estimulador, nunca abrindo espaço para a instalação do desespero ou do desânimo enfermiço.
A paciência harmoniza e faculta inspiração para a tomada de atitude ante os desafios, enquanto fortalece o ser em relação aos resultados de qualquer enfrentamento, especialmente quando não sejam com caráter de regozijo.
O indivíduo paciente não é aquele que se submete às circunstâncias desagradáveis porque lhe falece a coragem para lutar. Antes, pelo contrário, é portador de valor moral para impulsionar-se na conquista das metas nobres, mesmo quando aparentemente se encontram distantes ou inalcançáveis.
A paciência projeta o seu campo de expressão, aguardando com dignidade moral e nunca se perturbando. Dependendo de treinamento, engrandece-se em cada fase da sua vigência, ampliando o tempo de predomínio até se tornar uma faculdade da alma que chega à plenitude.
A paciência aguarda e não reclama.
A paciência é gentil e enriquecedora.
A paciência é bênção que conforta, apoiando-se na certeza do triunfo após a vicissitude.
A paciência mantém-se sóbria discretamente.
A paciência não censura nem injuria; não revida mal por mal, nem se ensoberbece, porque inspira humildade ante a grandeza da vida.
A paciência é também uma forma de caridade — para quem cultiva e para aquele a quem é direcionada.
A paciência, na sua fragilidade, é força que restaura e desenvolve vida.
A paciência de Deus a tudo comanda, perpetuando a Sua criação.
Paciência é vida em desdobramento.
Jesus fez-se o modelo da paciência.
Sabendo que o amigo O traía, Jesus entregou-se à oração e aguardou que se cumprissem as determinações do Pai.
Não antecipou o processo infame, não fugiu dele, permanecendo estóico e tranquilo até o momento final, esperando paciente a ressurreição gloriosa, a fim de demonstrar-nos que a liberdade excelsa somente se manifesta após a disjunção da roupagem orgânica no silêncio do túmulo.
(Texto extraído do livro “Fonte de Luz”, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, Ed. Minas Editora, 2000.)